O Paciente Terminal
Recebi o diagnóstico de um câncer! Fiz todos os tratamentos que a medicina me ofereceu. Passei por todas as etapas que a situação requeria, desde a escolha do tratamento, o tratamento em si, o pós-tratamento e o resultado obtido.
Deu errado! O câncer venceu! Agora eu tinha data para morrer!
Em meio ao impacto da notícia, e na transformação na forma de ver a vida, migrei para uma especialidade da medicina chamada “paliativa”. Recebi a informação de qual seria a minha máxima expectativa de sobrevida e fui então me adaptando a esta dura realidade, e a lidar com a nova maneira que a medicina passou a se relacionar comigo, tendo eu, este status de “paciente desenganado”.
Como empresário, eu precisava trabalhar. Muitas pessoas dependiam da empresa que havíamos fundado, doze anos antes. Sabia que precisa correr contra o tempo porque eu tinha uma “data de validade” e muitas coisas para resolver. Mesmo assim, separei algumas horas para escrever este livro, cujo objetivo inicial não era contar a história de um paciente de câncer cujo tratamento não deu certo, mas sim, falar sobre uma nova relação “paciente versus sistema de saúde”, para aqueles que a medicina não enxerga mais a possibilidade de cura.
Há dez anos, quando eu me dedicava aos capítulos finais, algo inesperado ocorreu e eu decidi parar.
Esta pausa durou muito além do tempo de vida que me haviam dado.
Contrariando todos os prognósticos, eu continuava vivo.
Recentemente voltei a me dedicar ao término deste livro, na certeza de que minha experiência poderá ajudar muitas pessoas a conviver com o principal de todos os males: a falta de esperança.