Eu tinha dezessete anos, era aluno do ensino médio e, durante um curso de leitura dinâmica, pela primeira vez ouvi falar de algo que mudaria minha vida e de várias pessoas com quem tive contato. O professor daquele curso falava de forma muito empolgada sobre a tal da PNL, e decidi que então que um dia eu aprender ia tudo aquilo. Na minha cabeça, aquilo me daria superpoderes.
O problema é que até então eu não havia definido quando seria esse dia. Na época não havia Youtube, nem Google, quase não existiam cursos no Brasil e os poucos que existiam eram muito caros, principalmente para minha realidade de aluno do ensino médio.
Vez por outra eu lia algum livro que fazia menções a PNL, e meu interesse crescia mais. Anos depois ouvi dizer que a hipnose poderia me ajudar com a concentração e o foco. Busquei a ajuda de um hipnoterapeuta em Brasília e, após a primeira sessão, pensei que talvez eu pudesse aprender hipnose para poder ajudar outras pessoas.
Comecei a consumir todo o material que eu encontrava sobre hipnose, os cursos naquela época eram escassos e havia pouco material em português. Comecei a arriscar fazer algumas induções hipnóticas em conhecidos, e à medida em que ia tendo sucesso, me apaixonava cada vez mais pela hipnose e, principalmente, pela mente humana.
Depois de alguns anos de estudo, encontrei uma formação em hipnose regressiva em Brasília. Após aquele curso, comecei a atender. No início, atendi alguns conhecidos, e à medida em que os resultados iam surgindo, eles foram me indicando e então comecei a atender com frequência. Eu trabalhava como desenvolvedor de websites em uma agência de publicidade e atendia durante a noite.
Na recepção do prédio da agência havia um recepcionista e algo nele me chamou bastante atenção. Ele era completamente gago, não falava três palavras sem “travar”. Senti uma vontade enorme de ajudá-lo. Ofereci ajuda, ele aceitou. Nem cobrei pelo atendimento. Fizemos uma única sessão. Durante o atendimento, ele começou a falar de forma completamente fluida, como se nunca houvesse gaguejado antes. Naquele dia, uma chave virou na minha cabeça. Era como se uma voz me dissesse que aquela era minha missão: ajudar aos outros. Eu já não tinha mais prazer em trabalhar com TI, já fazia aquilo há mais de 15 anos, e naquele momento era uma tortura ir para o trabalho todas as manhãs, era só pelo dinheiro. Quando meus filhos me perguntavam por que eu tinha que trabalhar, eu respondia que era para pagar as contas. Que “bela” crença para se ensinar a uma criança!
Percebi que faltava algo nos meus atendimentos, nem sempre eu conseguia resolver com a hipnose regressiva. Há muito eu queria fazer um curso de PNL, acreditava que ela seria um ponto-chave para melhorar meus atendimentos. Decidi então que aquela era a hora, que eu precisava ir para São Paulo fazer um bom curso.
Apesar de eu não ser mais um estudante do ensino médio, o valor do curso mais os custos da viagem, e ainda o fato de eu ter que parar uma semana inteira no trabalho por conta da viagem, deixavam aquela formação longe da minha realidade. A essa altura eu já era casado e tinha filhos, o que complicava mais ainda minha situação.
Como minha vontade de aprender era enorme, resolvi dar um jeito: entrei em contato com a empresa e perguntei ao vendedor quantas pessoas eu precisaria indicar para ganhar uma bolsa do curso. Dez, foi o número que ele me sugeriu. Para a surpresa (e alegria) dele, consegui 26 matrículas. Por conta disso, ganhei o Practitioner, o Master e vários outros cursos. Durante o Practitioner percebi que a PNL era muito mais do que eu imaginava e que, definitivamente, não era uma forma de terapia. No curso, além de várias outras coisas, aprendi a formular melhor meus objetivos. Um dos primeiros foi que eu deixaria de trabalhar com TI e me dedicaria unicamente aos atendimentos. Estipulei um prazo de 6 meses para fazer a transição, mas em 2 meses lá estava eu vivendo uma nova fase da minha vida.
A PNL realmente me ajudou em meus atendimentos, mas talvez esse tenha sido o menor dos benefícios. Passei a ver o mundo e as pessoas de outra forma, passei a me comunicar de forma mais efetiva, várias das crenças que eu tinha e que me impediam de crescer ficaram para trás. Eu me tornei outra pessoa.
Atender as pessoas no meu consultório e ensiná-las a pensar de outra forma e melhorar sua qualidade de vida me trazia um prazer imenso. E eu queria fazer aquilo de forma mais intensa, alcançar mais pessoas, trazer essa mudança a mais vidas. Foi então que decidi ensinar a PNL. Àquela altura eu já havia feito mais de 15 formações e decidi beber da fonte. Fui para os Estados Unidos aprender com o próprio criador da PNL, o Dr. Richard Bandler, a como utilizar a PNL para ensinar PNL. Foi uma experiência inexplicável.
Hoje tenho o prazer de trabalhar com o que realmente gosto. Enxergar a mudança na vida das pessoas me traz uma satisfação que eu nem imaginava que pudesse ter. Eu estava certo: a PNL realmente me daria superpoderes. E agora, quando meus filhos me perguntam por que eu preciso trabalhar, a resposta é outra: o papai trabalha para ajudar outras pessoas a serem pessoas melhores.